CAPÍTULO X (CONTINUAÇÃO) O FIEL DA BALANÇA |
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AS DUAS INSCRIÇÕES |
Na época em que o políptico foi executado, o hábito da assinatura autoral em obras de arte estava longe de ser generalizado, e era tão normal uma inscrição numa pintura ou moldura recordar o dador que a encomenda e paga, ou eventualmente o seu destinatário, como o pintor que a executa. As tentativas de descobrir assinaturas ou outras inscrições no políptico, têm desde longa data incidido sobre dois locais:
A primeira constatação que, a partir da compreensão da charada global, pode ser feita, é a de que a existência de inscrições em duplicado, num políptico em tudo colocado sob o signo da dualidade, e em locais tão apropriados, paralelos e próximos como as botas do rei e do príncipe seu filho, é extremamente verosímil (1). A existência da charada pressupõe uma primeira aparência superficial destinada a D. Afonso V (que explicaria a inscrição na bota do rei) e uma segunda mensagem oculta destinada ao seu filho (que explicaria a inscrição disfarçada na bota do príncipe). A decifração das inscrições torna-se mais fácil a partir da sua existência em duplicado e da compreensão da sua função na economia dos painéis. Em particular, o local da inscrição disfarçada – a bota esquerda do príncipe – contraria de forma chocante todas as regras que preteriam o lado sinistro em favor do destro, e indica desde logo o que há a fazer: tal como a face oculta dos painéis é atingida através da compreensão do espelho central que preside a toda a sua arquitectura, é igualmente através de um espelho que o pé esquerdo se transforma em direito e a inscrição oculta se torna legível (2)! |
Vejamos como devem ser lidas as inscrições nas duas botas:
1) A INSCRIÇÃO À VISTA NA BOTA DE D. AFONSO V
A primeira inscrição representa, na bota direita do rei, um monograma ligando uma sigla do seu nome «afv» e a inicial «y» da sua falecida rainha. A oferta do políptico recordaria assim a união do rei com a filha de D. Pedro, sua mulher e mãe do seu filho, e acompanhá-la-ia das figuras dos seus pais e tios ilustres, e de toda uma multidão algo inabitual mas sugerindo o conjunto do reino, e seria esta a única inscrição visível aos olhos do destinatário, compreensível à luz da mensagem de reconciliação familiar e nacional.
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A figura mostra a génese do monograma a partir das letras AFV e Y (Afonso V + Ysabel), sobrepostas num arranjo engenhoso e esteticamente plausível. As imagens de pormenor mostram a forma como a reconstituição se ajusta aos vestígios detectáveis. Se suposermos, como por vezes se pretendeu, um único «F» maiúsculo sem a letra «a», a sua argola fica exagerada, enquanto que a hipótese das letras «a» e «f» num formato minúsculo ou indefinido – perfeitamente aceitável, senão mesmo preferível, num monograma – ligadas a um «v» com o formato da letra grega «niu» (exactamente como se costumava representar a letra numeral romana na escrita cursiva) parece harmoniosa (3).
Para mais, a sobreposição de «afv» e «y» é engenhosa em extremo: um único pequeno traço, acrescentado à sigla do rei, cria o «y» de sua mulher como se as duas partes do monograma fossem feitas para se sobrepor, sob a única verdadeira cruz do políptico, representando o carácter sagrado da união que produziu o futuro D. João II, duas vezes bisneto do rei de Boa Memória. Note-se que não existe aqui nenhuma intenção de veicular um engano através da cruz: a origem do príncipe é legítima e sagrada para D. Afonso V, como para o partido pedrista que se opusera às maquinações do conde de Ourém e do duque de Bragança, na época de Alfarrobeira.
As numerosas tentativas de decifração do monograma pecam, a nosso ver, pelo esquecimento da qualidade estética e imaginativa que deve presidir a tudo o que nasce de quem concebeu uma obra tão genial e elaborada como esta. São inúmeras, por exemplo, as tentativas desajeitadas de integrar o prolongamento superior da inscrição que corre rente ao bordo da pintura, numa letra «G» tão necessária ao nome de certo pintor quanto inestética e pouco plausível. Esse traçado decorativo resulta, no entanto, perfeitamente satisfatório e verosímil quando entendido como prolongamento da haste de um «f».
O erro mais vulgar na reconstituição das letras consiste em se ignorar a barra horizontal do «f»: a pintura encontra-se muito desgastada nesse local, mas são ainda nitidamente visíveis os extremos da barra horizontal, distinguindo-se, igualmente de forma nítida, que na porção do traço vertical que se situa na intersecção com a barra (hoje apagada nessa zona), a tinta se encontra melhor conservada devido a ter estado mais protegida do desgaste pela camada superior desaparecida (4).
2) A INSCRIÇÃO OCULTA NA BOTA DO PRÍNCIPE JOÃO
O engenho assombroso da charada volta a surgir na segunda inscrição: colocando um espelho por baixo da bota do príncipe, podemos ler a inscrição disfarçada tal como ela se apresentaria aos seus olhos se o próprio destinatário, no interior da pintura, transformasse o seu pé esquerdo em direito, colocando um espelho ao seu lado. A inscrição é composta pelas seis letras do nome da duquesa de Borgonha, numa das suas grafias usuais, «Yzabel», seguidas por outras quatro que exprimem a natureza da sua oferta através da abreviatura comum «dccq», que se lê dictus e significa «dito, prometido».
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Um segundo significado – a inscrição de um nome próprio não significa necessariamente apenas uma assinatura pessoal – lembra ao futuro D. João II o nome da sua falecida mãe (e até o da sua avó materna) e, consequentemente, a sua descendência do infante D. Pedro (tanto a irmã, como a mulher e a filha do duque de Coimbra tiveram o nome de Isabel).
Um terceiro significado subtil liga, através de uma abreviatura paleográfica comum (a letra «Z» acompanhada de um ponto de cada lado, significando «ainda» e funcionando aqui como um lacs d'amour), a inicial «Y» da inspiradora e o nome bíblico de Abel, o primeiro homem morto pelo seu irmão. Esta é portanto a inscrição, invisível aos olhos de D. Afonso V, que corresponde ao Políptico da Esperança e à mensagem dirigida ao futuro Príncipe Perfeito. Recordemos aqui, novamente, a forma como os irmãos Pedro e Henrique estão retratados no políptico e a morte do primeiro frente ao «ajuntamento» que contou com a presença do segundo, para podermos medir a dor que a mensagem transporta, quase duas décadas depois dos trágicos acontecimentos de Alfarrobeira: Isabel e Abel unidos por um «ainda» sem fim à vista.
O simples facto de a inversão de arabescos ilegíveis fazer aparecer várias letras imediatamente reconhecíveis é, por si só, convincente. Apenas duas pinceladas requerem uma explicação adicional: dois pontos, um de cada lado do «Z», ajudam a disfarçar a letra (se um traço médio horizontal lá estivesse, a inversão seria por demais evidente), mas não se limitam a isso. O recurso gráfico a um ponto de cada lado de uma letra tem um cunho verosímil: está presente em várias abreviaturas paleográficas como, por exemplo, no «. S .» de scilicet (abreviatura muito frequente com função análoga à dos dois pontos modernos), mas note-se que nunca a letra «S» é desenhada de forma angulosa, e muito menos não havendo razões para a esconder (a não ser talvez – se nos é permitida a ironia – a sua ocorrência, canhestra e desastrosa, num pé errado...). O sinal «. Z .», que constituía uma abreviatura do latim etiam, com o significado de «ainda», existiu igualmente (5), e a sua presença deve ser reconhecida, a par da simples letra «Z» e da necessidade de elaboração e disfarce, como um recurso adicional para, mais uma vez, a trágica memória de Alfarrobeira ser inserida na mensagem dos painéis.
O nome «Yzabel» fica pois dividido em duas partes por um «ainda» interior: «Y / etiam / Abel», com a letra inicial do nome da duquesa óbvia, e o resto para quem se quiser recordar que Abel era efectivamente o nome de um de dois irmãos bíblicos bem conhecidos...
É importante entender que o formato das letras está disfarçado de modo a não se tornar demasiado perceptível sem o recurso ao espelho. Depois da inversão, porém, o conjunto fica claramente convincente, quando comparado com as formas paleográficas de escrita cursiva da segunda metade do séc. XV, transportadas para a pintura e integradas na estratégia de dissimulação:
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Y | Maiúscula | ||
. Z . | Segundo sentido como etiam (ainda): Y . Z . A b e l | ||
A | Maiúscula estilizada | ||
b | Minúscula | ||
e | Minúscula alongada, conforme uso corrrente | ||
l | Minúscula, usando o pé alongado do «e» como remate | ||
DCCQ | Maiúsculas, com o sentido de dictus (dito) |
As letras maiúsculas «DCCQ» são uma forma de representar a abreviatura latina «dccq», muito frequente na época e significando dictus (particípio passado de «dizer»). O último sinal desta abreviatura, um dos mais vulgares na imensa floresta das abreviações paleográficas, não é exactamente um «q», mas um sinal de haste curva com a forma do numeral árabe «9» e valor «con» ou «cum» (como por exemplo em «9ª»: contra; ou «cir9»: circum) ou «us» (neste último caso, normalmente posicionado como um expoente). O mesmo sinal parece ser usado na palavra sanctus (escrita como «san9»), a última da segunda página do livro central, com um valor e um formato gótico pouco usuais, mas possivelmente reveladores das liberdades que se tomam numa mensagem intencionalmente disfarçada (note-se que essa última palavra de um texto cuja identificação ninguém põe em dúvida, fica bem determinada pela razoável legibilidade da palavra imediatamente precedente, e que as suas três primeiras letras «san» se encontram igualmente legíveis). De idêntico modo, quando o autor da charada, na imagem espelhada da bota, disfarça a abreviatura latina «dccq», habitualmente representada em minúsculas, passando-a para maiúsculas, escolhe naturalmente a letra «Q» como a mais adequada para representar o último dos quatro sinais, tanto do ponto de vista fonético mais comum como do do próprio desenho gráfico (6).
O que, portanto, YZAbel DCCQ significa é Yzabel, dictus, ou seja, Yzabel, conforme dito, conforme prometido. Um «dito» significava, no uso da época, uma promessa, um voto (7). Trata-se possivelmente do cumprimento de uma promessa outrora feita a algum dos três filhos de D. Pedro que procuraram refúgio na Borgonha (por então falecidos), ou talvez de um simples eco do desespero impotente datando das notícias de Alfarrobeira. Em qualquer caso, o políptico decifrado pode ser correctamente descrito como um voto de bom sucesso colocado sob a égide do infante D. Pedro, e dirigido por Isabel ao futuro D. João II, epígono do seu irmão desaparecido, em cujas mãos o destino de Portugal viria um dia a repousar. |
Um outro dado requer uma explicação, uma vez que o leitor não familiarizado com as escritas medievais pode estranhar a ortografia de «Yzabel». Ela é inteiramente aceitável, uma vez que o nome se escrevia indiferentemente com «y» ou «i», e «z» ou «s». Qualquer das quatro formas era correcta, porque o conceito de uma ortografia única é recente, e nos documentos em que o nome da duquesa de Borgonha aparece, encontram-se todas as quatro.
Note-se que se trata aqui de uma inclusão astuta do seu nome no contexto da obra, e não, obviamente, de uma reprodução da assinatura de seu próprio punho, com a sua caligrafia pessoal. E que, apesar das diversas grafias aceitáveis, a inicial emblemática da duquesa, adoptada em inúmeras iluminuras e ornamentações artísticas patrocinadas pela casa ducal, frequentemente enlaçada através de um lacs d'amour com a inicial «P» de seu marido, era invariavelmente o «Y» e não o «I». A leitura «Y / ainda / Abel» que fazemos de mais este rebus inteiramente contido no interior do seu próprio nome, com a elegante ajuda de dois pequenos pontos que juntam a uma simples letra o sentido de uma abreviatura, passa pois pela hábil representação da duquesa através da sua inicial emblemática, fraternalmente ligada, nos painéis, à memória do irmão desaparecido, como em múltiplos outros locais se encontra consagrada a sua ligação conjugal, e de tal forma que a própria razão de ser da escolha de maiúsculas e minúsculas na inscrição espelhada fica compreensível para além da simples necessidade de disfarce: «Y.Z.Abel».
3) COMPLEMENTARIDADE DAS DUAS INSCRIÇÕES
O significado das duas inscrições complementares (e de modo algum contraditórias) concorda com a dualidade detectável no conjunto dos painéis, a partir da qual deduzimos toda a tese da Esperança Futura, e pode resumir-se no seguinte quadro:
DUAS INSCRIÇÕES PARA DOIS DESTINATÁRIOS | ||||||
PARA | INSCRIÇÃO | EVOCAÇÕES | MENSAGEM | PARALELISMO | ||
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União familiar: evocação da união com a falecida Isabel; ausência da dadora | União familiar: três gerações no painel dos reis (incluindo Leonor), quatro irmãos em (aparente) pé de igualdade no dos cavaleiros | |||
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Reasserção pedrista: evocação do avô (Abel, implicando um Caim), avó e mãe no nome da dadora | Reasserção pedrista: Pedro em glória e Henrique em desgraça no painel dos cavaleiros; cores de avô e neto; sentido do políptico |
O leitor céptico que mais nos interessa, habituado a usar a sua própria cabeça, mas pouco informado do gosto da mente medieva pelas charadas morais, poderá não aceitar a inscrição espelhada, ou a pequena e comovente adivinha secundária que ela contém, magistralmente incluída com um mínimo de meios e, mais uma vez, com a medida exacta de incerteza 📜 que permite a sobrevivência do ponto de vista ingénuo que capta a fraca excepção, mas esquece a regra subtil, repetida e omnipresente no limiar do aleatório. A coincidência entre o nome para que tudo aponta na perspectiva familiar e o formato dos arabescos que, espelhados, formam a palavra «Yzabel», parece-nos, porém, só por si suficientemente boa para valer uma deslocação ao Museu e algum tempo de observação paciente, sem mais distracções, porque o verdadeiro cepticismo, que funciona como filtro e não como funil, deve procurar ponderar a acumulação de coincidências extravagantes.
Nada pode substituir o visionamento directo, utilizando um pequeno espelho a alguma distância da pintura: a sensação – impossível de duplicar a partir de uma reprodução impressa ou electrónica – de que as depressões da bota que definem os dedos que estão por baixo, acompanhando intencionalmente a inscrição e colocando na sombra justamente os traços que podem assim parecer desligados (no vértice do «A» e no do «l» que liga esta letra e o «e»), é, quanto a nós, muito clara. O leitor julgará se a coincidência do nome «Yzabel» com o formato do etiam separador e a inicial maiusculizada do nome «Abel», tão apropriado ao contexto geral dos painéis, é mais um a juntar à lista dos milagres do suposto taumaturgo S. Vicente (não abundam na tradição, mas as referências aos seus milagres invisíveis por parte das modernas interpretações iconográficas são constantes...). Poderá assim comparar a qualidade da escrita espelhada com a das inúmeras decifrações convolutas que não recorrem ao espelho e não explicam – o que é grave – o catastrófico recurso a um pé esquerdo, as supostas duplicações redundantes de assinaturas identificativas, ou a ocultação do que deveria ser facilmente legível, uma vez que nem o santo, nem, que se saiba, os pintores de D. Afonso V, costumavam propor charadas ou tinham alguma coisa a esconder.
1) A mentalidade cavaleira tende a ser esquecida pelos que encaram a localização das assinaturas com cepticismo, mas a bota de uma figura coroada é o local simbólico ideal para a inscrição de um preito de homenagem, exactamente porque traduz deferência e subordinação voluntária.
2) A justificação do uso de um pé esquerdo através do simples argumento de que o direito que lhe corresponde se encontra tapado, implica, mais uma vez, que o políptico seja visto como uma espécie de instantâneo de grupo, sem arquitectura nem planeamento por parte de quem o pintou. Com efeito, o pé esquerdo preferencial que faz todo o sentido na tese explicativa que constrói o espelho da Esperança Futura, não faz sentido algum em qualquer das teses que procuram a leitura sem recurso à transformação prévia do esquerdo em direito, a não ser talvez na tese dos desastres em cadeia por parte de um pintor mentalmente transtornado, procurando quebrar gratuitamente todas as convenções consagradas. O leitor com espírito crítico notará a frequência com que aspectos dos painéis reveladores de laboriosa intencionalidade e merecedores de ponderação subtil são descaracterizados como «lamentáveis acidentes» por parte das teses literalistas que se vêem obrigadas a postular um pintor preguiçoso para poderem dispensar de interpretação as suas pseudo-preguiças sucessivas: os objectos indistintos do painel dos Frades ficaram invisíveis simplesmente porque «eram escuros demais» para justificarem uma pintura clara; os lados do caixote de madeira aos degraus foram prolongados na vertical só porque estavam próximos do bordo da pintura e «não fazia mal»; os enigmáticos caracteres da bota do adolescente ficaram encavalitados uns nos outros proporcionando leituras imaginárias monumentalmente inestéticas apenas porque o pintor «não tinha mais espaço», como se se tratasse de uma criança que aprende a escrever sem prever os fins de linha nem conduzir ensaios prévios, etc....
3) Não é demais sublinhar que as letras que compõem o monograma, apesar de estilizadas, são inteiramente verosímeis e seguem formas correntes da escrita do séc. XV, que seriam reconhecidas sem dificuldade a partir da explicação do simbolismo que preside à sua união. Em particular, era vulgaríssimo o desenho simplificado do «a» minúsculo, i. e. sem o pequeno prolongamento superior que acompanha a curva fechada inferior. No exemplo junto – proveniente de uma carta de quitação de 1458 do infante D. Henrique ao seu vedor e tesoureiro-mor, escrita por um secretário mas assinada pelo seu punho – o leitor poderá observar o desenho da letra, e não só no corpo do texto, mas até na famosa sigla «I. d. a.» com que o infante assinava, associando, ao que se supõe, as iniciais de «Ifante dom anrrique» ao seu desejo de partida para a conquista de Marrocos. Um exemplo pois da letra «a» no seu formato simplificado, representando a inicial de um nome próprio, no seio de uma sigla com segundo sentido. Igualmente convincente resulta a inclusão do «f» na sigla do rei, como se pode verificar em E. Borges Nunes (1981), onde se mostram (p. 90) as abreviaturas do nome Afonso nas suas múltiplas grafias, que assumiam aspectos como Affon, Afon, Affom, Afom (com um traço por cima das duas últimas letras) ou ainda Af.º. O mesmo se pode dizer do formato da letra «y» (p. 116).
4) Essa constatação, apesar do tamanho reduzido e da localização muito baixa do monograma, pode ser feita por quem se desloque ao Museu de Arte Antiga e procure o ângulo de visão mais apropriado, se a iluminação o permitir. Congratulamo-nos, de resto, pelo facto de se ter posto fim à exposição dos painéis em três paredes distintas, optando-se antes pela sua reunião num único plano. O enquadramento do políptico por duas bandeiras nacionais, acompanhado de uma imagem espelhada da bota do Príncipe Perfeito, mostrando o dictus de sua tia, poderia constituir a forma definitiva de exposição mais recomendável, num futuro certamente ainda não muito próximo, mas cremos que possível...
5) Significado da abreviatura «. Z .»: cf. Cappelli, pág. 405.
6) Significado da abreviatura «dccq»: cf. Borges Nunes, págs. 30, 42, e Cappelli, págs. XXV, XXVI, 90.
7) Significado antigo de «dito»: cf. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.