UM SÍMBOLO ANTIGO |
|
|
||
Roma, 43 - 42 A.C. | Países Baixos, 1575 | ||
|
|||
A COBERTURA DE CABEÇA COMO SÍMBOLO POLÍTICO Em cima, à esquerda: O gorro da liberdade, entre dois punhais, num denário romano (reverso: «Idos de Março») cunhado em 43 - 42 A.C. por Marco Júnio Bruto. Em cima, à direita: Gravura de um medalhão de 1575, Libertas Aurea, em Gerard van Loon, Beschrijving der Nederlandsche Historiepenningen ('s Gravenhage, 1723 - 28), reproduzida em Schama, 2004. Em baixo: Gravura anónima, Nederlands Dank-Offer, em Adrianus Valerius, Nederlantsche gedenckclanck (Haarlem, 1626), reproduzida em Schama, 2004. A representação simbólica da ideia política de liberdade, sob várias formas de cobertura de cabeça, tem a sua origem no barrete cónico a que se dava o nome de pileus, concedido cerimonialmente na Roma antiga, no templo da deusa Ferónia, aos escravos que adquiriam a condição de homens livres. Esse símbolo foi passeado pelas ruas nas pontas das lanças depois do assassinato de César através do qual se procurou salvar a república, conforme narra o historiador grego Apiano no séc. II D.C., e figura entre dois punhais em moedas cunhadas após o trágico episódio. A sua utilização emblemática repete-se depois da morte de Nero e noutras ocasiões, mostrando a continuidade do seu significado. Voltamos a encontrar o chapéu simbólico sob variadas formas ao longo da história, uma vez que o seu formato original era frequentemente desconhecido, e nomeadamente, em pleno séc. XVI, como emblema da revolta das Províncias Unidas holandesas contra o domínio espanhol. Na gravura pode ver-se uma acção de graças em que figuras femininas alegóricas representando as sete províncias, coroadas de louros e reconhecíveis pelos escudos que ostentam, juntamente com os príncipes stadhouders e o povo unido em assembleia, sobre um fundo onde se recortam picas e estandartes, adoram, no dizer de Simon Schama (pág. 100), «imagens simultaneamente clássicas e piedosas, humanistas e calvinistas: o chapéu da liberdade, derivado do prémio concedido aos escravos libertados no templo de Feróni[a] em Roma, mas ele próprio sobrepujado pela aura divina, banhando todos na sua radiância protectora, com o tetragrama místico de Yahweh como fonte». O medalhão com a data de 1575 mostra a ligação directa do emblema ao ideal que representa. Outras imagens exemplificativas do pileus como gorro simbólico da liberdade no reverso de moedas romanas, mostrando a deusa alegórica Libertas segurando o gorro na mão direita e um ceptro na esquerda:
Da esquerda para a direita: Moeda de cobre, Galba, 68: «LIBERTAS PVBLICA» / Áureo, Vitélio, 69: «LIBERTAS RESTITVTA» / Antoniniano, Galieno, 260 - 268: «LIBERT AVG» / Antoniniano, Galieno, 260 - 268: «LIBERTAS AVG». |